Por: Paulo Cabral Tavares - advogado
Estou às
vésperas de uma cirurgia no olho. Vou substituir uma velha catarata por uma
lente novinha em folha, importada que me restituirá completamente a visão.
Também pelo preço que custa tem que me restituir a visão mesmo! Tão boa que me
livrará deste incômodo companheiro de tantos anos, meus óculos.
Os médicos dizem
maravilhas da cirurgia. Simples, sem problemas, rápida, em quinze minutos ela
estará realizada. Por emulsificação, sem dor, com anestesia local, através de
colírios. Algumas pessoas que já fizeram a cirurgia também me dizem maravilhas.
É tudo verdade,
mas cirurgia nos olhos dos outros é refresco.
Como toda
cirurgia, acarreta riscos. Neste caso, muito importante este aviso, pois se
trata de minha visão. Se houver erro, algum acidente a gente fica cego do olho.
Mas isto é muito raro, a estatística é surpreendentemente favorável a um
sucesso pleno na cirurgia. “Os nossos médicos são treinados para efetuá-la
pelos métodos mais modernos”.
Dá para a gente
acreditar e encarar o procedimento com galhardia. E eu vou fazê-la, com um
pouquinho de apreensão é verdade, mas vou fazer.
Não posso
continuar com a visão ficando pior ano após ano. E de agora por diante é que
pode piorar mesmo. Assim, não me resta escolha. Espero que mão do ilustre
cirurgião esteja num dia bom. E que Deus me proteja contra qualquer mal.
A minha prática
profissional me obriga a ler muito. A escrever muito, a usar diariamente o
computador. E eu preciso deste olho enxergando bem. Para enxergar as letrinhas
miúdas e as entrelinhas do que está escrito.
Agora, que seria
bom que eu não precisasse fazer cirurgia, qualquer cirurgia, é mais que
verdade.
Mas vou lá e
espero que daqui a alguns dias esteja escrevendo para vocês, através desta
coluna, uma crônica para compartilhar sentimentos e ideias, com um olho
renovado, enxergando tanto quando eu era apenas um adolescente.
Que Deus me
ajude.
Ubatã, 3 de
fevereiro de 2014.
Paulo Cabral Tavares