Eu vim para fazer história!”, foi com essa frase que Isaquias Queiroz recebeu sua primeira medalha – e a primeira do Brasil na história da canoagem olímpica – na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro. Achou a declaração breve demais? É porque ele tinha pressa. Depois daquela, ainda competiria em outras duas provas. “O plano da nossa equipe era realmente fazer história nos Jogos do Rio”, lembra Isaquias. “E após a primeira medalha percebi que a torcida iria me ajudar.”
Aos 22 anos, o baiano de Ubaitaba, cidade de pouco mais de 20 mil habitantes do sul do estado, chegou aos Jogos Olímpicos com a confiança que um bicampeonato mundial confere e a cobrança que o status de forte candidato a subir ao pódio acarreta. Nem uma coisa nem outra tiraram seu foco. Ao final dos jogos, Isaquias havia se consagrado como o maior medalhista do Brasil em uma única Olimpíada. Foram três pódios: remando sozinho, ele conseguiu prata na C1 1.000 m e bronze na C1 200 m (o ‘c’ vem de canoa, o primeiro número refere-se à quantidade de atletas e o último, à distância da prova em metros).
E, ao lado de Erlon de Souza, foi prata na C2 1.000 m. Detalhe: nenhuma das provas é sua especialidade, o forte de Isaquias é o C1 500 m, que não faz parte do programa olímpico. Se para muitos ele foi uma ótima surpresa – convenhamos, antes de suas remadas triunfais serem televisionadas, a canoagem passava longe de ser um esporte popular no país –, para Sebastian Cuattrin, ex-atleta e líder de competição esportiva da canoagem na Rio 2016, ele era uma certeza. “Conheci o Isaquias quando ele chegou à seleção, com 14 anos. Dava para ver o potencial assim que ele entrava na água, queria ganhar tudo, treino, prova, aposta... Tudo que ele podia e queria ganhar”, lembra. (GQ BRASIL - GLOBO)