Um parecer técnico do Tribunal de Contas do Estado (TCE) apontou um déficit de 14.595 policiais militares na Bahia, revelando uma defasagem preocupante diante do efetivo previsto por lei. A legislação estadual determina um contingente de 44.767 policiais, mas, mesmo com a inclusão de mais de mil reservistas em atividade, o efetivo real em 2023 somou apenas 31.221. Essa carência resulta em sobrecarga para os policiais, jornadas extras e impactos na saúde da tropa, conforme alerta o coronel reformado Antônio Jorge Melo. O número de baixas anuais, cerca de 500, reforça a necessidade de recomposição contínua do quadro.
A situação é agravada pela distância em relação ao padrão internacional recomendado de um policial para cada 300 habitantes. Na Bahia, esse índice é de um para cada 412 moradores, apesar de concursos recentes. O major Igor Rocha, presidente da Força Invicta, destaca que o trabalho policial é pouco atrativo devido aos baixos salários e à desvalorização da carreira. Já o prefeito de São Gonçalo dos Campos, Tarcísio Pedreira, aponta a precariedade da estrutura de trabalho, citando a falta de bases dignas, armamentos, equipamentos e até combustível como entraves ao desempenho da polícia.
Em resposta, a Secretaria da Segurança Pública da Bahia informou que, nos últimos dois anos e meio, foram contratados 6 mil novos profissionais das forças de segurança e que outros 2 mil estão em formação. A pasta também ressaltou a realização inédita de quatro concursos simultâneos e a recontratação de militares da reserva para serviços administrativos. A SSP-BA garantiu que seguirá realizando concursos anualmente, buscando fortalecer o efetivo e reduzir os índices de criminalidade no estado. Ainda assim, especialistas alertam que, diante da crise de segurança, será necessário ir além do reforço numérico e adotar medidas estruturais.