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Com 10 anos, Lorrane já disputava competições nacionais. Em 2019, estreou na modalidade vencendo as provas de 500 e 200 metros, se tornando campeã na categoria infantil. Em 2021 e 2022 foi bicampeã na categoria menor até 12 anos e campeã brasileira neste ano, na Cadete, disputando com atletas mais velhos, tendo o desempenho superior ao de garotas de 14 a 15 anos. Atualmente, já acumula 25 medalhas entre ouro e prata.
Em janeiro, Lorrane se apresentou à Seleção Brasileira de Canoagem na cidade de Capitólio, em Minas Gerais, onde mora atualmente com a também ubatense e atleta Adriely Viana. Na época, viajou com seu professor Caique Brito, o mesmo do campeão olímpico Isaquias Queiroz. Em Capitólio, Figueroa Conceição, passará a treinar a dupla. As duas atletas foram descobertas pelo Projeto Remando no Litoral Sul, uma parceria firmada entre a Federação Baiana de Canoagem (Febac) e a Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia (Sudesb).
Desde que se apresentou, Lorrane segue uma rotina completamente diferente da calmaria que tinha em Ubatã. “De segunda a sábado, eu acordo, treino das 5h às 7h, vou para a escola de tarde, e quando saio às 17h, volto para a água e fico até 18h. Não dá tempo de fazer muita coisa [além disso]. Já chego muito cansada porque os treinos são puxados”, afirmou a atleta, rindo, em tom de brincadeira.
Mas, não existe glória sem sacrifício.
Depois de ter disputado o Campeonato Baiano e Copa Brasil de Canoagem , Lorrane contou que um dia sonha em disputar as Olimpíadas de 2028, que vai acontecer em Los Angeles, nos EUA, e garantiu: “Se Deus permitir chegar lá, eu vou trabalhar muito para isso. Vou em frente”. O professor Caique Brito, confirmou. “Se ela continuar nesse ritmo, ela tem grandes chances de disputar 2028”.
A atleta revelou ainda sobre sua inspiração nos campeões olímpicos, Isaquias Queiroz e Erlon Souza, seus conterrâneos, e contou sobre o momento onde chegou a desistir do esporte. O incentivo do professor Caíque, com olhos voltados para o seu talento, a fez retornar.
“Ela chegou a desistir. disse que não remaria mais, que não queria. Passou um tempo, eu fui lá [na casa dela], chamei novamente e ela voltou”, explicou o treinador.
“Mas eu me esforcei e tentei. Caí muitas vezes, até que eu aprendi a remar e estou aqui hoje", complementou Lorrane.
O treinador afirmou ainda que a jovem atleta tem uma desenvoltura parecida com a de Isaquias Queiroz, maior nome da canoagem brasileira e um dos maiores no mundo.
“O tempo que ela fez na Categoria Júnior, que fica duas acima da dela, já ficava em terceiro lugar, por ser maior e mais forte, e tem potencial por ser mais desenvolvida. Isaquias era assim. Remava na categoria dele, sempre subia, e começou a ganhar medalhas, assim como Erlon”, exemplificou.
"Caí muitas vezes, até que eu aprendi a remar e estou aqui hoje"
A vida em Capitólio
Em quatro meses na Seleção Brasileira, Lorrane Souza avaliou que a evolução enquanto atleta é notável. A atleta afirmou que precisava desenvolver pontos como velocidade e equilíbrio. “Hoje, eu consigo me equilibrar mais no barco, percebi que precisava ser mais rápida, fazer as provas em um tempo menor. Mas os exercícios ajudam”.
Além dos treinos na água, Lorrane também treina musculação e corre, para desenvolver o corpo e a força, que ajuda no aperfeiçoamento e na preparação para competições maiores. “Ainda não estou acostumada com essa rotina puxada, estou entendendo o processo, mas me sinto preparada. Uma hora acostuma”, revelou.
A alimentação também é direcionada. Além de serem acompanhados por nutricionistas, todos os atletas do Centro de Treinamento tem estrutura que conta com fisioterapeuta, psicólogo e aulas particulares de inglês.
Centros de Canoagem
O Centro de Treinamento de Canoagem fica em Ubatã, no sul da Bahia. Com o investimento de aproximadamente R$ 1,4 milhão, a estrutura conta com ponto de apoio, garagem dos barcos, sala de musculação, refeitório, copa, despensa, área de serviço, sala de administração, sala de professores e sala de aula para estimular a canoagem olímpica e desenvolver atividades de iniciação esportiva, como o projeto Remando no Litoral Sul, que atende, em Ubatã, a 150 crianças e jovens com aulas de canoagem.
Em Ubatã, o Centro foi entregue em 2017, um ano depois, Lorrane foi revelada.
Além de Ubatã, o Centro de Treinamento de Canoagem está presente também nas cidades de Ubaitaba, Itacaré, Maraú e São Félix. O projeto social revela crianças de 7 a 17 anos e foi entregue pela Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia (Sudesb). Ao todo, são 13 atletas de canoagem só na Bahia, de 13 a 31 anos, incluindo os campeões olímpicos.
Reportagem especial do Grupo A Tarde
