Paulo Cabral Tavares - Advogado |
Reconheço que não domino o assunto.
Mas quem domina? Até os teólogos desconfiam que não têm o domínio total do assunto. Por isso, como sou um livre pensador, sem patrão e sem senhor, me arvoro o direito de satisfazer esse “bicho carpinteiro” que eu tenho na cabeça que fica me pedindo para escrever alguma coisa sobre um tema religioso. E me questiona sobre tantos outros temas. “Meu amigo” que me perdoe e sem ser indelicado, eu peço que não leia o texto. Divirta-se com outros escritos de outras pessoas com mais talento e com mais propriedade que podem lhe satisfazer o intelecto.
Na missa de hoje, uma das minhas passagens prediletas do Novo Testamento, foi o tema do evangelho. A dos dez leprosos que foram curados por Jesus, segundo os evangelhos para os crentes e segundo a lenda para os não tão crentes assim. Jesus apenas os mandou se apresentarem ao sacerdote. Eles pediam uma esmola (kyrie eleison). E Jesus os mandou ao sacerdote.
No caminho perceberam que estavam curados da terrível enfermidade que era a lepra naquele tempo. Ou, dourando a pílula, como é costume em nosso tempo, sofriam de hanseníase. Estes andavam com um cincerro, uma espécie de chocalho para anunciar de longe a sua presença. Não podiam entrar nas cidades, não podiam ficar a favor do vento, não podiam tocar em nada, para não contaminar as outras pessoas.
Dos dez leprosos curados, um se lembrou de voltar para agradecer. Prostrou-se de rosto na terra e agradeceu a Jesus. E ele perguntou:
- “Ubi sunt novem?” (onde estão os outros nove?)
A lição é clara. A mensagem também. Somente dez por cento estão aptos a agradecer. Um de cada dez. Parece que “gratidão” hoje em dia, ficou restrita ao dicionário. Os benefícios recebidos somente ficam na memória de quem os faz. Quem os recebe os esquecem, agora e sempre, rapidamente.
E nós temos tanto a agradecer...
Temos tanto a pedir desculpas, perdão, se você quiser.
Esquecemos que o mundo dá tantas voltas e que lá na frente, a gente possa precisar outra vez de um Jesus para curar as nossas terríveis feridas.
Na bela homilia feita por nosso pároco hoje, saí emocionado da missa e espero que eu tenha a coragem de fazer os meus agradecimentos, pedir as minhas desculpas, enquanto ainda é tempo para esta tão curta vida.
Ubatã, 9 de outubro de 2016.
Paulo Cabral Tavares