Por: Paulo Cabral Tavares, advogado
A estupidez humana sempre me apavora e revolta.
Estou vendo agora uma foto publicada pela revista Veja em que centenas de crianças são vistas mortas, enfileiradas no chão, vitimas do gás Sarin. Para falar o número mais ou menos exato, quatrocentas crianças e adolescentes. Gás jogado pelo ditador e assassino governante da Síria. Como a gente assiste uma estupidez desta na televisão, no meio de tantas notícias violentas e de tantos filmes violentos, não parece tão brutal quanto é na realidade. Mas eu fico pensando, se uma destas coisas acontecesse em nossa cidade ? com meninos que a gente conhece ? com as famílias sofrendo? Seus pais e parentes, seus amigos, seus conhecidos numa cidadezinha como a nossa ? Você já imaginou um enterro de quatrocentas crianças em nossa terra ? Que tragédia irracional, brutal e terrível para todos. Esta estupidez é de caráter universal. O gás Sarin mata por sufocamento. É uma morte terrível a que estas crianças foram submetidas. Meu Deus!
Estou falando das crianças por serem as vítimas mais pungentes. Mas, outros mil adultos foram vítimas da mesma brutalidade irracional.
Agora, veja a consequência mais imediata. O presidente Obama quer fazer um ataque para punir o governo Sírio. Não seria um enfrentamento. Os Estados Unidos não entrariam na guerra. Ou seja, seria “apenas” um ataque que o presidente do grande país julga punitivo. Em outras palavras os Estados Unidos fariam a sua contribuição com a brutalidade com mais brutalidade. Entraria um pouco na guerra, promoveria a morte de mais outras centenas de pessoas, crianças inclusive e “puniria” o governo sírio. E cairia fora. Apenas para manter a sua imagem de guardião da justiça mundial.
Na verdade, nenhum dos países ricos do mundo sabe direito o que fazer. Ninguém sabe que ocorrerá se o governo sírio cair e outro grupo entrar no poder. Por isso não se interessam pelo fim do conflito.
Lamentavelmente radicalismo religioso e racial no oriente médio chegou a um estado de completo absurdo. Como sempre, quando a religião deixar de ser um guia moral para se tornar um instrumento de violência e intolerância. Em nome de Deus, seja nosso Deus ou o deles, vem se matando ao longo dos tempos. Até bem pouco tempo na Irlanda, protestantes e católicos têm uma história de guerra civil permanente. Em nome de Deus!!! E o IRA, entidade dita de cristãos, fez muitos atentados em nome de sua crença e em nome de seu país e matou muita gente inocente. As crianças sempre são as maiores vítimas, morrendo ou tendo os seus pais mortos pela estupidez.
A violência no Brasil, fenômeno para o qual não se tem uma saída à vista, a violência entre árabes ou judeus, entre os próprios muçulmanos (árabes em sua grande maioria) e até cristãos que vivem por lá, não tem uma solução previsível. Só mesmo Deus, para nós e Alá para eles, tendo pena deles e de todos nós que sofremos com a estupidez apocalíptica perpetrada em seu nome.
Paulo Cabral Tavares