Em meio ao fervor das Olimpíadas Paris 2024, completado 32 anos, dia 25 de julho, em relação as Olimpíadas de Barcelona no verão de 1992, quando o nordeste do Brasil teve um único atleta da região na equipe brasileira: o baiano de Ubaitaba, Jefferson Lacerda.
Na 3ª temporada do PodCastdoChefe, o host Wesley Faustino, nesta terça(30), às 20 horas, bate um papo com Lacerda, considerado no mundo da canoagem velocidade como um fenômeno.
Pela equipe brasileira de Canoagem o mundo assistiu o canoísta ubaitabense, Jefferson Lacerda, entre os dias 4 e 6 de agosto de 1992, nas competições de canoagem que entrariam para a sua história, de Ubaitaba, da Bahia e do Brasil.
UMA HISTÓRIA DE SUPERAÇÃO
E que superação para o atleta baiano de Ubaitaba. Sua trajetória até Barcelona não foi menos que extraordinária. Lacerda já era um nome cheio de medalhas no esporte da canoagem brasileira, e o único nordestino na equipe brasileira. "Lacerda é nosso ídolo", fala emocionado Marcos Lima, vice-presidente da Federação Baiana de Canoagem(FBC) e presidente da Associação Ubatense Esportiva de Canoagem (AUEC).
A competição em Barcelona, no entanto, foi apenas um dos capítulos na densa narrativa de triunfos e adversidades de Lacerda. Ele fala de seus primeiros dias na canoagem com uma mistura de humildade e orgulho, rememorando o início tardio no esporte aos 27 anos e sua surpreendente seleção para a Olimpíada apenas três anos depois. "Em três anos na canoagem eu já tinha conquistado 20 campeonatos brasileiros", contabiliza Lacerda. Esse feito era tanto produto de seu talento quanto de uma dedicação inabalável, uma jornada em que cada remada era simultaneamente uma conquista.
Os obstáculos enfrentados por Lacerda, contudo, iam além das águas e das competições. A preparação para sua participação olímpica em 1992 revelou uma das histórias mais inspiradoras de sacrifício e paixão pelo esporte. Ele relembrou a difícil decisão de vender um valioso videocassete JVC, um símbolo de status na época, para financiar sua ida à seletiva olímpica na USP. Esse momento de sua trajetória enfatiza não apenas o compromisso com a canoagem, mas uma verdadeira 'paixão move montanhas em busca de um sonho'.
Infelizmente, nem todos os sonhos de Lacerda tiveram um desfecho dourado. Uma lesão no ombro o afastou das Olimpíadas de 1996 (já classificado) em Atlanta(EEUU) um capítulo doloroso em sua história.
Apesar do infortúnio, Lacerda nunca se definiu pelas adversidades, mas sim pelas que superou. Ele transitou do papel de atleta para o de técnico da Seleção Brasileira durante oito anos, contribuindo imensamente para o desenvolvimento da canoagem brasileira com sua expertise e experiência.
Hoje, aos 62 anos, Jefferson Lacerda vive uma vida distante dos holofotes das Olimpíadas, como Oficial do Tribunal de Justiça da Bahia, lotado há 30 anos no Fórum do município de Ubatã, sul da Bahia.
Longe das águas turbulentas das competições, mas cercado pelo respeito e admiração daqueles que conhecem sua história, sua jornada é um testemunho da beleza e da complexidade do espírito humano, um lembrete de que a verdadeira grandeza nasce não apenas do talento, mas da resiliência, da paixão e da capacidade de transformar obstáculos em degraus para o pódio da vida.
Lacerda tem nada menos que duas classificações para Olimpíadas(1992 e 1996), 45 títulos de campeão brasileiro, mais de 50 títulos de campeão baiano, seis vezes campeão sul-americano, seis vezes campeão pan-americano e um bronze no mundial. "O cara é uma fera. Num só campeonato ele ganhava tudo", elogia José Carlos Lona, ex-presidente da FBC. (Ascom PodCastdoChefe)