12 março 2014

Artigo: A Nossa Insatisfação

Por: Paulo Cabral - advogado

Como seria bom se ao acordarmos de manhã, tivéssemos sempre a sensação de pessoa realizada. Totalmente realizada. Sem contas a pagar, nem materiais nem espirituais. Sem culpas a purgar. Com a sensação de termos pedido todas as desculpas que devemos e de ter feito todos os nossos agradecimentos que às vezes ficam guardados dentro da alma, esperando o momento oportuno para pô-los em prática e de lá nunca são retirados.

Sentir que alcançamos todas as nossas metas. Todas não, claro, mas um bocado delas e não ficasse aquele gostinho travoso de termos perdido algumas batalhas importantes e de não termos conseguido alcançar metas prioritárias.

Nós temos que entender que somos humanos e que no campeonato da vida não existe campeão invicto.  O que se espera é que no balanço das perdas e ganhos a gente saia com algum saldo positivo.

Se olharmos para trás, entretanto, veremos que alcançamos muita coisa, que realizamos muito em nossa longa caminhada, e, se não formos muito rigorosos conosco mesmo, poderíamos nos dar por satisfeitos. Se a inveja não se infiltrar em seu coração. Esta é a pior conselheira.

Diz um antigo soneto que a felicidade existe sim e que não a encontramos por ela estar sempre onde nós a pomos. Mas - o grande problema é que - nunca a pomos onde nós estamos.
Aí é que está o cerne da questão.

Existem jogadores que entram em depressão porque, apesar de ganharem uma fortuna, não se conformam com um pouquinho a mais que ganha um companheiro de time. Morrem de tristeza por achar que deveriam ganhar mais do que o outro, apesar de que o que ganham faria a felicidade de metade do mundo.
Parece que a insatisfação é parte da natureza humana.

Por outro lado, na outra ponta da escala conheço pessoas que dão graças a Deus, por terem conseguido uma aposentadoria que lhes garante um salário mínimo mensal, para colocar comida em sua mesa. E vivem felizes. Nem tanto. Mas satisfeitas por terem alcançado uma meta importante em suas vidas. Sem grandes aspirações é verdade, com sonhos pequenos e fáceis de ser realizados. Talvez comprar uma bike, com pequenas prestações mensais, um chapéu ou quem sabe aquele tênis que faria a sua felicidade.

Na verdade, entretanto, a força que move o mundo é a insatisfação. Se todos ficarem satisfeitos e acomodados com a sua situação não existirá progresso. Não existirão metas a ser conquistadas, não existirá desenvolvimento.

De qualquer forma devemos agradecer a Deus a vida que levamos. Sempre vendo tudo pelo lado positivo, mas buscando e tendo sempre metas a alcançar, projetos a realizar, pois se estagnarmos poderemos nos poluir como as águas paradas.
                                   
Ubatã, 12 de março de 2014.
 Paulo Cabral Tavares