
Por: Paulo Cabral - advogado
Como seria bom
se ao acordarmos de manhã, tivéssemos sempre a sensação de pessoa realizada.
Totalmente realizada. Sem contas a pagar, nem materiais nem espirituais. Sem
culpas a purgar. Com a sensação de termos pedido todas as desculpas que devemos
e de ter feito todos os nossos agradecimentos que às vezes ficam guardados
dentro da alma, esperando o momento oportuno para pô-los em prática e de lá
nunca são retirados.
Sentir que
alcançamos todas as nossas metas. Todas não, claro, mas um bocado delas e não
ficasse aquele gostinho travoso de termos perdido algumas batalhas importantes
e de não termos conseguido alcançar metas prioritárias.
Nós temos que
entender que somos humanos e que no campeonato da vida não existe campeão
invicto. O que se espera é que no
balanço das perdas e ganhos a gente saia com algum saldo positivo.
Se olharmos para
trás, entretanto, veremos que alcançamos muita coisa, que realizamos muito em
nossa longa caminhada, e, se não formos muito rigorosos conosco mesmo,
poderíamos nos dar por satisfeitos. Se a inveja não se infiltrar em seu
coração. Esta é a pior conselheira.
Diz um antigo
soneto que a felicidade existe sim e que não a encontramos por ela estar sempre
onde nós a pomos. Mas - o grande problema é que - nunca a pomos onde nós
estamos.
Aí é que está o
cerne da questão.
Existem
jogadores que entram em depressão porque, apesar de ganharem uma fortuna, não
se conformam com um pouquinho a mais que ganha um companheiro de time. Morrem
de tristeza por achar que deveriam ganhar mais do que o outro, apesar de que o
que ganham faria a felicidade de metade do mundo.
Parece que a
insatisfação é parte da natureza humana.
Por outro lado,
na outra ponta da escala conheço pessoas que dão graças a Deus, por terem
conseguido uma aposentadoria que lhes garante um salário mínimo mensal, para
colocar comida em sua mesa. E vivem felizes. Nem tanto. Mas satisfeitas por
terem alcançado uma meta importante em suas vidas. Sem grandes aspirações é
verdade, com sonhos pequenos e fáceis de ser realizados. Talvez comprar uma
bike, com pequenas prestações mensais, um chapéu ou quem sabe aquele tênis que
faria a sua felicidade.
Na verdade,
entretanto, a força que move o mundo é a insatisfação. Se todos ficarem
satisfeitos e acomodados com a sua situação não existirá progresso. Não
existirão metas a ser conquistadas, não existirá desenvolvimento.
De qualquer
forma devemos agradecer a Deus a vida que levamos. Sempre vendo tudo pelo lado
positivo, mas buscando e tendo sempre metas a alcançar, projetos a realizar,
pois se estagnarmos poderemos nos poluir como as águas paradas.
Ubatã, 12 de
março de 2014.
Paulo Cabral Tavares