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| Dr. Paulo Cabral Tavares |
Paulo Cabral Tavares
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O Clube de Sinuca Residencial Paulo Cabral está de luto. Morreu Henrique Tavares Alcântara, o velho “Barud”. Um de seus melhores membros, um de seus melhores jogadores. Canhoto, dizia que usava a mão direita apenas para atirar pedras, apesar de nunca ter atirado uma pedra em ninguém. Companheiro sincero, amável, educado, gente boa de quem todos gostavam.
Foi embora pra sempre. Nunca mais as histórias picantes. Nunca mais os pulinhos depois de uma grande jogada. Nunca mais o grito de guerra: “Tá doido, Barud doido! Nunca mais as grandes jogadas, estalando nas caçapas, do bonito sinuca, de pano novo. Verdinho como o Maracanã, como você dizia. Nunca mais a gentileza, a cortesia, o amável amigo, primo, grande Barud. Nunca mais a cervejada braba, muitas vezes até à noite. Nunca mais disputas com Luizinho, com Paulinho, com Márcio, com Pitanga, com o velho Miranda, com Zé Assis, com o nosso cantor preferido - Arnaldo - nem com Ernesto. Nunca mais as cantorias até de noite. Nunca mais as brincadeiras com Beto Gordo.
Nunca mais. No último sábado, formamos outra vez uma dupla na disputa dos jogos do dia. Eu e você. Como sempre. Coincidência enorme, quase sempre, nos sorteios, éramos sorteados para formar uma dupla. E no sábado foi demais. Ganhamos de todas as outras duplas. Até mais fortes do que nós. E ao contrário do que acontecia sempre quando você me levava à vitória, no sábado fui eu que praticamente ganhei todas as partidas. E quando tínhamos terminado de ganhar de todos os outros, você me disse que ia embora. Estava “jogado”. Havíamos ganho de todos. E estava satisfeito. Ia embora.
Eu não sabia no momento que eram as suas palavras de despedida de nosso clube. A vitória também era nossa última homenagem a você Henricão. No sábado que vem faremos um torneio em sua homenagem que vai levar o nome do Velho Barud. Com a participação de todos, a sua também, lá estarão todos os companheiros que lhe amavam. Lá estarão os pulinhos de comemoração, e o seu grito de guerra ecoará em cada grande jogada.
E você se lembrará como fomos felizes jogando juntos. Brincando juntos. Comemorando juntos. Como em família. Uma família à parte. De amigos, de companheiros, de irmãos que sentirão muita saudade sua. Mas tenha a certeza, meu caro Barud, que na alma de cada um de nós faremos uma singela oração em seu favor. Saindo de dentro de nossa alma, de dentro de nosso coração em sua merecida homenagem. Que Deus lhe receba de braços abertos, como abertos foram sempre os seus braços para os amigos e conhecidos nesta vida. E, velho, se lá no céu para onde você deve ter ido, existe a possibilidade de uma partida de sinuca, espere por nós lá, que um dia faremos um grande torneio também em sua homenagem.
Que Deus o tenha em sua glória.
