Coluna Artigos - Em busca de Deus

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Por: Paulo Cabral Tavares, advogado

Fico fascinado com a busca pela divindade. Isto mesmo, pela busca de Deus. Eu aqui falo de Deus, não como uma entidade consagrada em qualquer escritura, seja na Bíblia, no Alcorão, nos Vedas, em qualquer livro sagrado de qualquer religião. Nem que esta busca esteja inscrita em qualquer dogma ou ritual. Também não me refiro àqueles muitos religiosos, ou até bitolados por uma fé, muitas vezes incompreensível. Falo da busca com um desligamento total do discurso que quer fazer adeptos. De milagres, de fórmulas que levem, a qualquer resultado, enfim de qualquer coisa preparada antecipadamente. Deus fora dos limites da visão de qualquer religião,por ser maior do que os conceitos ali existentes.

Não, eu falo daquela busca comum a todas as religiões, digamos assim, uma busca supra-religiosa que diga respeito a você e ao seu encontro com Deus. Sem preocupação com recompensas nesta ou em outra vida, sem ameaças de castigos nesta ou em outra vida. Apenas na busca de você se descobrir com a possibilidade de falar com Deus. De mergulhar no infinito tão profunda e prazerosamente como você mergulha no azul do mar. De você sentir a possibilidade da intimidade desta conversa com você mesmo e também com Deus.

Alguns chamam isto de transcendência, ou seja, aquela sensação de que você superou a parte física ou material, para se espiritualizar e poder levitar nem que seja por breves instantes em sua vida. Os orientais chamam de turyia. Este estado de espírito que o comum das pessoas pode nunca alcançar, ou alcançar por fugidios instantes é um estado permanente entre os grandes profetas e os grandes iluminados.

Não vou falar de Jesus Cristo,por motivos óbvios, pois neste caso e em todos os outros ele é horsconcours. Quer dizer não pode ter comparação com os humanos, ou coisas materiais, está fora de concurso e é sempre em todas as ocasiões a melhor referência. Mas falo de Buda, de Gandhi, apenas para citardois exemplos, ou se você quiser, do Dalai Lama. Pessoas que alcançaram um estado espiritual acima dos humanos comuns. Que vivem em permanente estado de alegria,de desprendimento total da busca de realizações terrenas de prestígio, de riqueza, de satisfação pessoal, sem medos e sem culpas, sem angústias.
Assim, poderíamos ser livres.Apesar da escravidão no Brasil ter ficado para trás há tanto tempo, ainda e sempre somos escravos dos horários, dos compromissos, das preocupações diárias com nossas obrigações, com as nossas responsabilidades que nos levam a ter de matar o leão nosso de cada dia. E sobreviver com humor, com cordialidade no relacionamento com os que nos cercam.

Talvez nós não consigamos nunca chegar a este estado. Não pretendemos a perfeição. Não buscamos ser santos,pois, o santo, o muito religioso que só pensa nisto e que para tudo tem uma explicação religiosa, é, reconheçamos sem culpa, um chato, com diria o Padre Cristo.

A busca do encontro com Deus,onde não podemos parecer o que não somos, onde não podemos mistificar, fingir,jogar para a galera, deve ser uma constante em nossa vida, a nossa verdade mais íntima, mais profunda, para conseguirmos nos livrar da parte ruim de nós mesmo se, evoluindo um pouquinho, conseguirmos ser pessoas um pouco melhores do que somos.

Ubatã, 1 de maio de 2013.
PauloCabral Tavares

 

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